EU SOU UMA PESSOA!!!!!!!!
De Leo Jaime. 19/04/07
Quantas coisas você já leu na internet com esse princípio. Essa é a frase inicial com a qual as pessoas, em geral, se descrevem. sim, se colocando na terceira pessoa do singular, virando um ele ou ela, mas certamente crendo que é assim que se deve falar de si. Eu sou aquele que, sou uma pessoa que , e por aí vai fechando as possiblildades de discurso íntimo. O que se está apresentando é uma imagem pública, um no meio do povo.O que pretende alguém que compra a roupa que todos estão usando? Ser alguém como os outros. E quando se quer fazer o que todos fazem ou ir onde todos vão? A segurança de ter algo que já foi aprovado, experimentado e que não vá ser motivo de chacota. Destoar é, e esse é o medo, isolar-se e destacar-se da massa. Mas como perceber uma individualidade sem se destacar da família, do grupo, do público e comum? Mas será que não é exatamtente para aplacar a angústia de possibilidades existenciais que existem todos esses subterfúgios?
Dia desses conversava com alguém que exaltava a qualidade de quem sabia sua serventia. A afirmação era contundente: ninguém sabe para o que serve! Enão pude contestar. Claro que por mais que alguém seja útil e faça um monte de coisas não está claro que ele sabe para o que serve, qual sua vocação e chance de estar fazendo o que é a sua vocação é remota. Você sabe qual a sua vocação? Está praticando ela? Sois um felizardo!
Ao longo da vida vamos mudando, e assim mudam o cabelo, os figurinos, os amigos ou parte deles, os hábitos, os gostos. Mudamos muito! Esse percurso pode ser rumo à própria identidade ou pode ser apenas um rodízio de corpos e funções pelas quais uma alma vai pagando suas provações. É muito possível chegar ao fim da vida sem saber direito o que é que veio fazer ou se veio fazer alguma coisa específica. Quero dizer: se era pra ter feito algo em especial. Quem se pergunta? E, uma vez que se pergunte, o que acontece caso a resposta nunca venha?
Ao meu ver, enquanto as respostas não aparecem é difícil dizer eu sou. Seja lá o que for. É mais fácil dizer "eu sou uma pessoa que..." Na terceira pessoa. Eu sou aquele lá. E não faço idéia de quem seja a voz que diz isso.
PS : o texto anterior eh de Martha Medeiros.
2 Comments:
so what happens when there's an entire population inside one's mind, most of the time not even speaking the same language? in my case, it is crucial to refer to myself in the third person as "we" (me, myself, I and the others) are not necessarily in synch at times.
just babbling on...
Saudadonaaaa! :D :D Adri
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